in.ter.vir v.t.i. 1. Tomar parte voluntariamente; meter-se de permeio; ingerir-se, interferir: "Sofia não interveio... na conversa" (Machado de Assis, Quincas Borba). 2. Interpor sua autoridade, ou bons ofícios, ou diligência. Int. 3. Sobrevir. 4. Intervir (1). [Conjug.: 36 [inter]vir] § in.ter.ve.ni.en.te adj2g.
so.bre.vir v.int. 1. Vir ou ocorrer em seguida ou depois. 2. Acontecer de maneira inesperada. T.i. 3. Sobrevir (1). [Conjug.: 36 [sobre]vir]
in.ter.fe.rir v.t.i. Ter participação, ou poder de decisão, ou meios para alterar ou modificar, intervir (1): "Sem liberdade de imprensa... a população... fica desinformada e sem a capacidade de interferir no seu próprio destino." (Carlos Minc, Ecologia e Cidadania). [Conjug.: 48 [interf]e[r]ir] § in.ter.fe.ren.te adj2g.
ur.ba.no adj. 1. Da, ou relativo à cidade. 2. Que tem características de cidade. [Opõe-se, nessas acepç., a rural.] 3. Cortês, civilizado. [Antôn., nesta acepç.: descortês, grosseiro.]
pai.sa.gem sf. 1. Espaço de terreno que se abrange num lance de vista. 2. Pintura, gravura ou desenho que representa uma paisagem. [Pl.: -gens.]
de.se.nho sm. 1. Representação de formas sobre uma superfície, por meio de linhas, pontos e manchas. 2. A arte e a técnica de representar, com lápis, pincel, etc., um tema real ou imaginário, expressando a forma. 3. Forma, feitio, configuração. 4. Traçado, projeto.
Ingerir-se é introduzir-se (pela boca?), intrometer-se. Introduzir é sempre à força (que força?)? Intrometer-se é meter-se dentro/entre, tomar parte. Se tomo parte acrescento algo em mim ou me acrescento em algo, ou as duas coisas?
Meter-se de permeio, no meio, de mistura, neste ínterim. Ínterim é entrementes, entretanto, entre. Estado interino (durante o impedimento de alguém). Ou o tempo todo? Quanto posso me meter dentro? Permaneço ou a condição de estar entre é temporária? Quanto dura uma mistura, que tipo de mistura é a que queremos provocar? Queremos?
Participar, alterar (por quanto tempo?), modificar. Quase sempre estes termos parecem referir-se ao durável. Entretanto, participar pode dividir e misturar partes, e parece efêmero.
Viemos depois de quê? Ou viemos antes? Esperam por nós? Quem? A quem pretendemos dizer (pela boca?) algo? Nossa ação é mais eficiente se somos inesperados? Que eficiência é essa?
Enquanto agimos (agimos?) somos corteses, civilizados? Indivíduo ou grupo ou sociedade (grupo maior)? É urbano porque é na cidade ou porque é civilizado? Talvez nenhum dos dois. Talvez mais civilizado que outras coisas (ações?) reconhecidas pela maioria (ou introduzidas pela minoria) como civilizadas.
Se produzimos algo, esse objeto pode ser abarcado num lance de vista? Nossa paisagem é visual em que sentido? Físico, espiritual, emocional, racional? Essa paisagem é imediata ou é mediada, ou media algo? Permanece ou é instantânea? De quantos instantes ela é feita? Somos forma, em que superfície? Permanecemos? O que traçamos, quem nos traça? Somos linha, ponto ou mancha? Ou nada? Ou tudo? Somos o instrumento ou o instrumento produzido pelo instrumento? Somos capazes de produzir algo? Capazes? Forma, traçado, projeto. Configuração! Reais ou imaginários, é possível transcender os sentidos dessas expressões?
Lenise Moraes
Belo Horizonte, 07 de fevereiro de 2010
Belo Horizonte, 07 de fevereiro de 2010
Referência
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 5ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. P. 240, 426, 428, 543, 681, 736.
muito bom, Lenise... se não tomamos a iniciativa de nos arriscarmos e ficarmos apenas esperando o outro e sempre o outro, o movimento que se dá é o da inércia. Isso me cansa muito! Lendo seus escritos fiquei feliz em saber de seus passos e pontapés... é assim que um coletivo faz autogestão (e, digo mais, precisou da minha ausência para acontecer outros novos... ou estou mentindo ao falar isso?)
ResponderExcluirAusência consentida, Marcelle. Embora longe, você deixou rastros...
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