Para
muitos, 2016 foi um ano difícil. Para o Em Obras, foi um ano de (re)construção.
Decidimos nos recolher para dar nova vida ao espetáculo “Modelo de Klüber
Ross”, saindo apenas para brincar no Dia Internacional da Dança, porque ninguém
é de ferro! Revivemos sentimentos, pensamentos... Lembramos a negação, a
raiva, a negociação, a depressão e a aceitação, estágios que, antes de
nortearem esse nosso trabalho, se fizeram significativos em nossas vivências
individuais. Procuramos treinar, não apenas os passos da nossa dança, mas
aqueles que damos diariamente enquanto vivemos. E nos apoiamos, e 2016 não
encerrou esse treinamento, porque nos mostrou, na vitória expressa na reestreia
do “Modelo”, que estamos mais fortes para (re)construir mais uma vez, para
fazer um 2017 também vitorioso, negando, se enraivecendo, barganhando, nos
deprimindo e, finalmente, aceitando, não o luto, mas a luta, e a compensação
que vem disso tudo. Obrigada 2016! Vamos a 2017 melhores, mais atentos e muito
mais fortes para vencer o novo desafio do trabalho e da vida.
Com essas palavras,
pretendíamos encerrar um ano de atividades e começar outro em grupo. Acontece
que o Em Obras é, mais do que um grupo, uma família, se a entendermos como um
ajuntamento mais poderoso, mais intimamente ligado/unido. Acontece que nossa
família agora falta um. E falta numa circunstância que, até outro dia, parecia
que não ia faltar, afinal, o desafio da vida nos surpreendeu de novo. E agora
já não dá pra falarmos do grupo, mas precisamos falar de um: o nosso Jairo foi
embora, dançar em outras paragens, que não alcançamos (por acaso, ainda?).
Talvez ele já estivesse indo havia algum tempo e é possível que ele mesmo não
soubesse. A sua dança de luto, Jairo, era já uma libertação do seu corpo, do
seu espírito. Você falta e, embora saiba que você vai sempre continuar dançando
conosco, que vamos sempre dançar com você também e pra você, precisaremos lutar
de novo, e entender o quanto a luta é processo. Vamos superar a vontade de
chorar o tempo todo, a dúvida se fomos pra você tudo que podíamos ser, a dor e
a incerteza que vem logo, mas a falta... Falta. Falta você, embora esteja
conosco. Obrigado por todo o amor que vivemos juntos, por todo riso, todo
grito, toda respiração profunda. Obrigado por compartilharem o amor de casal
também conosco. Obrigado por ter vindo ser parte da nossa família. Amamos você!
Nos amamos e amamos! Obrigado, Jairo Bolivar, avante!
Belo Horizonte, 03 de março de 2017