sexta-feira, 3 de março de 2017

O fim, o começo e Jairo



Para muitos, 2016 foi um ano difícil. Para o Em Obras, foi um ano de (re)construção. Decidimos nos recolher para dar nova vida ao espetáculo “Modelo de Klüber Ross”, saindo apenas para brincar no Dia Internacional da Dança, porque ninguém é de ferro! Revivemos sentimentos, pensamentos... Lembramos a negação, a raiva, a negociação, a depressão e a aceitação, estágios que, antes de nortearem esse nosso trabalho, se fizeram significativos em nossas vivências individuais. Procuramos treinar, não apenas os passos da nossa dança, mas aqueles que damos diariamente enquanto vivemos. E nos apoiamos, e 2016 não encerrou esse treinamento, porque nos mostrou, na vitória expressa na reestreia do “Modelo”, que estamos mais fortes para (re)construir mais uma vez, para fazer um 2017 também vitorioso, negando, se enraivecendo, barganhando, nos deprimindo e, finalmente, aceitando, não o luto, mas a luta, e a compensação que vem disso tudo. Obrigada 2016! Vamos a 2017 melhores, mais atentos e muito mais fortes para vencer o novo desafio do trabalho e da vida.

Com essas palavras, pretendíamos encerrar um ano de atividades e começar outro em grupo. Acontece que o Em Obras é, mais do que um grupo, uma família, se a entendermos como um ajuntamento mais poderoso, mais intimamente ligado/unido. Acontece que nossa família agora falta um. E falta numa circunstância que, até outro dia, parecia que não ia faltar, afinal, o desafio da vida nos surpreendeu de novo. E agora já não dá pra falarmos do grupo, mas precisamos falar de um: o nosso Jairo foi embora, dançar em outras paragens, que não alcançamos (por acaso, ainda?). Talvez ele já estivesse indo havia algum tempo e é possível que ele mesmo não soubesse. A sua dança de luto, Jairo, era já uma libertação do seu corpo, do seu espírito. Você falta e, embora saiba que você vai sempre continuar dançando conosco, que vamos sempre dançar com você também e pra você, precisaremos lutar de novo, e entender o quanto a luta é processo. Vamos superar a vontade de chorar o tempo todo, a dúvida se fomos pra você tudo que podíamos ser, a dor e a incerteza que vem logo, mas a falta... Falta. Falta você, embora esteja conosco. Obrigado por todo o amor que vivemos juntos, por todo riso, todo grito, toda respiração profunda. Obrigado por compartilharem o amor de casal também conosco. Obrigado por ter vindo ser parte da nossa família. Amamos você! Nos amamos e amamos! Obrigado, Jairo Bolivar, avante!

Belo Horizonte, 03 de março de 2017

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